Translate

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Depois de médicos, engenheiros se indignam com estrangeiros

Depois de médicos, engenheiros se indignam com estrangeiros



Depois da polêmica sobre a vinda de médicos estrangeiros, a importação de engenheiros toma a ordem do dia no Brasil. Enquanto o governo defende a vinda de profissionais especializados, entidades que representam trabalhadores do setor criticam a idéia.

Com a colaboração de Mélanie Nunes para Rádio França Internacional
A presidenta Dilma Roussef já estuda um modo de facilitar a importação de engenheiros estrangeiros para o Brasil, assim como fez com profissionais da saúde no Programa “Mais Médicos”. Alguns ministros do chamado "núcleo duro" do governo tentam provar que a medida ajudaria a solucionar um dos problemas que atravancam o andamento de obras e o repasse de verba federal para municípios.
O governo já investe hoje no estágio e na especialização de engenheiros brasileiros no exterior com o Ciência Sem Fronteiras, programa comandado pelos ministérios da Ciência e Tecnologia e da Educação. Mas a ideia do Palácio do Planalto é ir além, aproveitando os profissionais de fora já prontos, para que tragam expertise e preencham lacunas em regiões hoje desprezadas pelos brasileiros. A proposta inicial é importar especialmente mão de obra de nações que sofrem com a crise econômica e têm idiomas afins, como Portugal e Espanha.
Segundo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Maranhão é hoje o estado brasileiro com menor número de engenheiros. De acordo com dados do IBGE de 2010, a média é de 1.265 habitantes por engenheiro em todo Maranhão, seguido pelo Piauí (1.197 habitantes por engenheiro) e Roraima (1.023 habitantes por engenheiro). São Paulo é o que mais concentra esse tipo de profissional (148 habitantes por engenheiro).
A Secretaria de Assuntos Estratégicos está conduzindo um projeto para estimular a entrada de mão de obra estrangeira qualificada em território nacional. Segundo dados de 2010 compilados pela SAE, o número de imigrantes de primeira geração que vive hoje no Brasil representa 0,3% da população (cerca de 600 mil pessoas), diante da média mundial de 3%. A pesquisa cita que "países altamente desenvolvidos como Suíça, Nova Zelândia, Austrália e Canadá possuem mais de 20% da população formada por imigrantes"
O ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Marcelo Neri, tem defendido publicamente a vinda de estrangeiros qualificados para solucionar a falta de mão de obra em alguns setores, como infraestrutura. Mas essa ideia é contestada pelo presidente da Federação Nacional dos Engenheiros, Murilo Celso Pinheiro. Ele não se opõe à medida, mas questiona: “se não valorizarmos os nossos engenheiros, como vamos valorizar os estrangeiros?”
No fim de julho, a entidade publicou um comunicado no qual “não recomenda a importação de estrangeiros”. Alexandre Freitas Barbosa, autor do livro “A Formação do Mercado de Trabalho no Brasil” e professor de História Econômica e Economia Brasileira no Instituto de Estudos Brasileiros de Universidade de São Paulo, contesta a ideia de que a formação dos engenheiros no Brasil é precária.
Alexandre Freitas Barbosa

Nenhum comentário:

Postar um comentário